quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Capítulo 8


Os minutos vão passando e eu vou ficando cada vez mais apavorado. Não quero sair. Quando estávamos planejando, tudo parecia claro, seguro, certo. Agora não: tudo se tornou nebuloso e aterrorizante. Eu não posso sair desse lugar. É o meu porto seguro.

-    O que que você tem Roberto? – disse Isabela.
-    Você sabe. – respondi
-    Olha, eu sei que é difícil, mas temos que sair daqui. É a nossa única esperança de uma vida normal.
-    Vida normal? O que é isso? Nunca conheci!
-    Pra mim a vida normal é aquela em que pensamos em algo além de como sobreviveremos no dia seguinte. É podermos andar por aí sem rumo, só por andar, sem ter que estar em constante estado de alerta. É ter outros sentimentos no coração que não os de medo, tristeza, remorso, angustia. A vida normal é aquela em que podemos conseguir realização espiritual.

Comecei a chorar. Claro que ela estava certa. Mas e aí? Reconhecer isso não remove o meu pavor. Que garantia há de que, saindo daqui, conseguiremos uma vida assim? O mundo lá fora é puro caos! Mas talvez essa seja realmente uma oportunidade. Uma escapatória. Aqui eu vou apenas esperar pra morrer. Ainda assim eu detesto essa idéia.

-    Olha, Isabela, Talvez se ficarmos aqui só nós dois a nossa vida se torne relativamente normal. Temos muitos recursos... – disse eu num tom receoso.
-    Deixa de ser covarde! Quer dizer que por medo você vai abrir mão da sua liberdade?
-    Liberdade? Isso é um jogo de sorte! Se não morrermos no meio do caminho podemos não encontrar nada. Falar em ir pro sul é muito vago! Que lugar do sul? E tem mais: como você pode me chamar de covarde? Pensa que eu não estou lendo o seu olhar?
-    Alguém tem que enfrentar os medos...

Ficamos num silêncio agonizante. Como eu pude ser tão rude com ela? Porque acusei quem sempre me deu apoio? Tenho o direito de sugar as esperanças de quem eu amo por causa dos meus temores?
Augusto chegou. Estava ouvindo a conversa de um canto.

-    Eu sei te dizer o que há. - Disse ele com aquele tom que usamos quando pensamos saber algo.

Olhei para ele esperando ele continuar enquanto ele parecia esperar alguma reação minha. Ao notar que estava esperando em vão, ele continuou.

-    Você está criando uma racionalização que nada mais é do que um fruto de um complexo psicológico seu.
-    E eu não posso ter complexos quando o mundo foi destruído?
-    Viu? Continua querendo se justificar!
-    Me deixa em paz, caralho! – respondi aos berros
-    Se você quer um tapa na cara então toma: faça o que quiser da sua vida. Eu não vou me sentar aqui esperando a morte porque você está com medo de lutar pela vida. Amanhã de manhã eu saio com ou sem você!

Eu estava me preparando para responder agressivamente quando Isabela me interrompeu:

-    E eu também...

Ela se levantou e subiu para o telhado. Augusto desceu as escadas e foi para o lugar onde costuma dormir. São muitas coisas na minha mente de uma vez só. Mas o que mais me incomodava era o fato de que eu havia desapontado Isabela. Nunca na minha vida o julgamento de outra pessoa teve tanto peso dentro de mim. E, ao mesmo tempo, eu me sentia reprovado por Augusto, o que me incomodava também. Maltratei as poucas pessoas que mantinham um vinculo entre mim e o mundo externo. Pessoas que realmente me faziam companhia. Sozinho ali eu iria perder o juízo. Eu tinha que meditar

Deitei na cama e olhei o teto. Deixei minha mente se esvaziar. Relaxei o corpo, que começou a ficar dormente. Com o tempo também comecei a ignorar os sons, o cheiro, o frio daquela noite chuvosa. Esperei por um bom tempo, totalmente relaxado, por uma visão complexa como as que normalmente me acometem, mas vi apenas um pequeno e mirrado gato com a uma coleira onde ficava pendurada uma réplica do crânio de Mefistófeles.

Quando abri meus olhos Isabela estava dormindo do meu lado. De costas para mim. Eu agora entendi tudo. Os sonhos me deram a resposta e eu fui cego! Foi por isso que o gato conseguiu pegar o peixe no primeiro sonho! Ele possuía o poder de Mefistófeles!

Se alguém ouvisse essas merdas que eu fico pensando diriam que sou maluco. E não sou?
Abracei Isabela, ao que ela segurou meu braço e apertou. Dormi.

Tive um sonho, mas não consigo lembrar. A única coisa dele que sobrou foi o volume no short. Pelo menos eu acordei primeiro. Aliás, acho que é a primeira vez que isso aconteceu.

Levantei do colchão e subi no telhado. O sol estava terminando de nascer. Não havia nenhuma nuvem no céu e tudo parecia mais colorido. Porque será que sempre ignorei as aparências das coisas? Porque eu esperei o fim do mundo para reconhecer a beleza desse lugar? Talvez porque essa seja a minha despedida. É quando vamos perder algo que nos damos conta de como amamos o que estamos prestes a perder.

-    Você vem? – augusto surgiu no buraco do telhado
-    Vou sim...

Ele também fixou o olhar na praia e depois olhou para a paisagem ao redor. A brisa estava boa, o sol também.

-    Caralho... que dia, hein... logo hoje! – disse ele
-    Vai sentir falta desse lugar? – perguntei
-    Muita, cara. Puta merda, esse lugar vai ficar marcado na minha vida pra sempre. Foi aqui que eu nasci.

Ficamos contemplando a paisagem até que o relógio dele começou a apitar. Oito da manhã, hora de partir. Tudo estava em ordem. Estoque organizado, armas carregadas, plano traçado.
Isabela subiu até o telhado. Antes de me olhar nos olhos ela parecia ansiosa, mas assim que me fitou seu semblante se acalmou. Ela leu meus olhos. Fez um sinal com a cabeça me chamando e desceu. Seu olhar brilhava. Nesse momento de contemplação das aparências que notei como ela é bonita. Sempre com a pele macia, cabelo arrumado. Está longo, agora. Cada vez mais bonito. Mas o que eu amo mesmo é o olhar. Olhos negros e profundos. Ela olha através das minhas barreiras.

-    Ta legal. Sem muita conversa agora. Atividade!

Saímos pelo portão de trás do mercado. O cheiro de carniça ali era insuportável. Isabela assumiu a direção da picape e eu fui no banco de carona. Augusto ficou junto com os mantimentos com um fuzil. A maior parte da nossa munição estava com ele. Colaram dois pentes de munição um no outro para ele poder recarregar a arma mais rapidamente. Sargento e os outro seguiram no outro carro, que foi na frente.

Saímos pelo mesmo caminho que usamos para entrar. Alguns monstros ainda perambulavam na entrada da usina e tentaram no seguir inutilmente. Augusto matou dois que que conseguiram se agarrar na picape. A velocidade dos carros na curva era grande. Não sei como Augusto se segurou lá atrás. Nós fomos atrás porque Augusto era praticamente todo o nosso poder de fogo. Eu só tinha uma pistola.

Na estrada passamos pela entrada da vila, totalmente destruída e um monstro tentou nos alcançar, ao que augusto acertou um tiro certeiro em sua cabeça. Gritou como fazemos nas montanhas russas. Um misto de adrenalina e liberdade

À frente havia um ônibus tombado e alguns infectados que foram eliminados pelos soldados do carro da frente. Deus pra passar por um pequeno desvio abandonado. Foi feito para remediar os problemas os problemas estruturais de posicionamento da estrada, decorrentes de um planejamento, no mínimo, estúpido. Desse ponto eu pude ver carros que caíram da estrada no mar. Será que eu deveria comemorar por não estarem batidos no nosso caminho ou lamentar porque pessoas morreram?

Tanto faz.

Na medida em que avançávamos, o número de infectados nos perseguindo aumentava, Uns seguiam os outros e sempre surgia um no meio da estrada berrando que estimulava os retardatários a continuarem correndo. Só matávamos os que chegavam perto demais.

Na entrada da vila histórica havia um aglomerado. Nos seguiram por algum tempo inutilmente. Vi a igrejinha antiga que ficava ali. Recém reformada, da ultima vez que eu a vi ela estava totalmente branca. Agora estava totalmente manchada de sangue. Fiquei imaginando como que uma mancha foi parar quase no topo da igreja. Devia ter uns quatro metros de altura.

Passamos por outro bairro e a estrada estava totalmente bloqueada por carros explodidos, ao que tivemos que entrar no bairro para contornar o acidente.

Uma mulher saiu de um restaurante correndo e acenando com os braços. Gritava para esperarmos, mas estava sendo perseguida por mais de cem monstros. Corria lentamente, provavelmente por fome ou sede. Foi alcançada. Só pude ouvir um ultimo clamor desesperado por socorro. Olhei para frente.

Atravessamos uma parte da estrada cercada por vilas fechadas onde os monstros se amontoavam nas cercas ao perceberem que passávamos. Alguns conseguiram pular pra estrada e num ponto conseguiram derrubá-la.
O velocímetro marcava 140.

O sargento freou bruscamente, ao que quase nos chocamos com ele. Havia um muro circular no meio da estrada bem depois de uma curva fechada A única passagem era um portão estreito. Era de aço e provavelmente não conseguiríamos derrubá-lo. Só com ele aberto que passaríamos com os carros, um de cada vez.

Subi na picape e olhei o que havia ali dentro. Algumas barracas, uma área mais alta onde um monstro estava amarrado. Dois soldados me viram e tentaram atirar em mim, ao que caí em cima de augusto com um susto.

-    Que porra foi essa? – disse Augusto.
-    Are you stupid? He was right in front of your face! – um dos soldados de dentro falou.
-    Caralho, o que estão falando la dentro? São americanos? – perguntou um dos soldados
-    Não. Pelo sotaque eles são britânicos.
-    Watch and learn. - A mesma voz falou de dentro do muro. – ei! Identifique-se!
-    Sargento, vai com os soldados até aquelas arvores ali e se prepara pra matar esses malucos. Querem nos matar.

Sem questionar ele foi naquela direção. Subiram em arvores e apontaram as armas. Subi no outro carro, que estava mais pro lado, e mostrei a cabeça. Dei um grito e eles apontaram as armas para mim. Consegui abaixar antes de eles atirarem e eles foram fuzilados pelos soldados. Mostrei a cara e dei outro berro, ao que ninguém mais apareceu. Parece que eram só esses dois. Pulei o muro e percebi que estava desarmado. Derrubei minha pistola quando levei o tombo. Estava apenas com uma faca.

-    Hey! What the bloody hell are you...

Era um homem vestido com um jaleco branco. Me olhou espantado e tentou puxar uma arma, ao que um tiro veio da arvore o fez mudar de idéia. Acertou a base do lugar onde o monstro estava amarrado. Ele olhou para as arvores e viu o sargento mirando nele enquanto os soldados desciam pra pular o muro. O carro ligou La fora, acho que eles foram colocá-lo perto do muro pra facilitar o pulo com o rifle pesado.

O homem de jaleco começou a falar num português relativamente fluente. Fluente demais para um estrangeiro.

-    Por favor, não atirem! – disse ele procurando, sem sucesso, demonstrar medo.
-    O que vocês estão fazendo aqui? – perguntei
-    Estou estudando o organismo dessas criaturas.
-    Pra que? Não foram vocês que criaram essa porra?
-    O que? Meu amigo, eu sou chefe do departamento britânico de armamento biológico e tenho contatos com os americanos. Não soube nada sobre isso e estamos ocupando vários países onde essa arma foi utilizada.
-    Então reconhece que é uma arma?
-    Sim, claro. Acreditamos que sejam criação de algum grupo terrorista.
-    Haha! Não sei se é ingênuo ou idiota! Acha que algum terrorista teria interesse em atacar a América do sul? Aliás, como um grupo terrorista teria recursos para criar uma arma tão poderosa de destruição? Vocês é quem possuem os recursos pra isso!
-    Ah, tanto faz. Olha só o que eu descobri. Esses monstros possuem uma fonte de energia própria. Não respiram e nem comem. Consegui remover do crânio de um deles uma esfera pseudo-orgânica que produz energia do nada e, creio, é um centro de controle.
-    Pseudo-orgânica? Energia do nada? Centro de controle? Que tipo de cientista você é, afinal?
-    Sei que não tem sentido com os paradigma comuns, ok? É pseudo-orgãnico porque em alguns aspectos se comporta como um organismo e noutros não, parecendo ser um artefato tecnológico. Eu fiz uma bateria de testes e comprovei que essa esfera produz energia e sinais eletroquímicos complexos. Aliás, continua produzindo fora do organismo por algum tempo. Acredito que a energia dispersa na atmosfera é absorvida e canalizada de alguma maneira.

Fiquei admirado com as explicações. Pareciam razoáveis e eu quis saber mais. Apesar disso, questões éticas me deixavam num impasse.

-    Realmente não é uma forma irracional de pensar. As premissas comuns simplesmente não podem explicar esse fenômeno. Eles ficaram mais de um mês sem comer e ainda continuam correndo!
-    Então você também entende o valor desse estudo!
-    Sim, mas e o compromisso ético? E as repercussões sociais?
-    Vai ser ético com ele? – apontou para o infectado. – não é o meu trabalho pensar em repercussões sociais. Até porque, essa sociedade já está destruída. Em breve nossas bases sairão do seu território. Minha função é coletar informações neutras, não emitir juízo de valor sentimental.
-    Mas não te incomoda que esse monstro aí tenha sido uma pessoa um dia? Não quer curá-lo?
-    Não há cura. O sangue dele está todo coagulado e essa tecnologia impede, de modo absoluto, que ele retome a consciência. Sem a fonte de energia ele morrer. – dele jogou uma esfera para mim. - O que me incomoda de verdade é que esse desgraçado fede muito. Os gritos pelo menos eu já consegui condicionar. Vive quietinho, vê?

Fitei a esfera. Parecia uma bola de golfe, por causa do relevo da superfície. Pude jurar que ela brilhava um pouco. Sua superfície parecia ser feita de pele.

-    Então é isso que você quer? Treiná-los para serem escravos?
-    Eu precisava de fundos, ok? Onde eu conseguiria o material para pesquisa? Estou fazendo isso pelo conhecimento e não por uma causa ou ideal. Não quero dinheiro nem fama. Estou acima dessas futilidades!

Um dos soldados acertou um tiro na cabeça do cientista.

-    Na hora da morte nós somos todos iguais. Ta acima? Porra nenhuma!
-    Caralho, soldado! Ele sabia muito sobre isso! Porra. – gritei indignado
-    Foda-se, maluco. Na moral, eu não sei se você é maluco ou só escroto. Ele não tinha o direito de fazer esses experimentos. Não posso deixar um filho da puta desses se aproveitar dos meus compatriotas. – respondeu ele.
-    Soldado, vai ajudar os outros a descarregar a camionete – disse o sargento

O soldado me deu as costas e foi ajudar augusto e o outro a passar as coisas por cima do muro. Isabela passou pro lado de dentro e logo em seguida ele saiu. Outro soldado entrou com o explosivo e Augusto com seu rifle.
De repente ouvimos um barulho estranho na estrada. Logo entendemos: era o barulho das pegadas dos monstros correndo. Começaram a berrar quando fizeram a curva e deram de cara com o soldado. Ele tentou correr, mas o pegaram.
Morreu sem drama e sem câmera lenta. Como um anônimo. Um figurante. Simplesmente foi arrastado. Quantos soldados já morreram assim?
Corremos até a outra entrada e os monstros começaram a  pular o muro. Havia caixas de armamento ali, com munição e armas.

-    Porra! Ak 47! – gritou o sargento

Eles atiraram nos que pulavam o muro e eu notei que os monstros começaram a dar a volta no lugar. Em breve estaríamos cercados. Peguei uma caixa de armamentos e um galão de gasolina junto com Isabela. O galão estava bem leve. Colocamos tudo num jipe que tinha uma metralhadora enorme na parte traseira. Outro sem o armamento estava bem à frente: uma semelhança mórbida com o meio antigo de transporte.

-    Borá, caralho, ele vão cercar esse porra.!

Augusto correu e assumiu a metralhadora grande. Jogou a arma dele na minha mão. Bem mais leve que a outra. A arma com silenciador ficou jogada no chão. Sargento e o soldado foram para o carro da frente. Me chamaram pra lá e eu fui.

-    Caralho, olha só essa porra! Perdemos tudo! Puta que o pariu!

Desci do carro novamente para apertar um botão que abriu o portão enquanto Augusto continuava fuzilando os monstros que pulavam o muro.
Saímos pela estrada e os monstros deram a volta no lugar. Vimos eles ficando cada vez mais distantes enquanto avançávamos pela estrada.
Ficamos em silêncio até chegarmos num bairro pequeno que tinha um cais.

-    Entra aí a esquerda! Falei para o sargento.

Ele entrou para a direita.

-    É esquerda porra!
-    Vai soldado, vai! – disse ele

O soldado saiu e colocou a bomba no chão. Logo em seguida demos meia volta e entramos onde eu havia falado. As ruas ali eram estreitas e o lugar estava estranhamente deserto.
Chegamos ao cais e colocamos o carro com a metralhadora grande preparado para a defesa.
Carregamos o galão para o barco e quando estávamos removendo a metralhadora que ficava fixa no jipe surgiram dois adolescentes correndo. Deviam ter mais ou menos a minha idade. Um cara e uma garota. Eram perseguidos por três monstros, mas corriam bem. Estavam vindo na nossa direção e acenavam gritando para não atirarmos.
A garota tropeçou e caiu, ao que os monstros alcançaram ela.

-    Felipe! – berrou ela, ao que ele imediatamente deu a volta e enfrentou os monstros.

Matou os três com os dois facões que ele estava usando, mas ela se recusou a continuar. Foi mordida. Colocou a arma na testa chorando e atirou. Bem rápido, antes que se tornasse um deles.

Isabela foi até ele, que ficou imóvel diante do corpo da menina. O trouxe para o barco e ele tirou uma chave do bolso e entregou a ela. Apontou para o barco. Por sorte era o maior. Talvez não por sorte, afinal, ele devia gastar mais combustível.

Terminaram de soltar a metralhadora do carro com ferramentas que nem imagino de onde vieram. Ajudei a carregar a arma e uma caixa de munição dela pro barco e Augusto pegou a caixa de armamentos que estava no jipe. Ouvimos gritaria dos monstros. Estavam no bairro. Sargento acionou a sirene e ouvimos de lá enquanto eu ajudava Isabela e desamarrar o barco. Os berros que estavam mais próximos voltaram a se afastar. Foram correndo atrás do som. O barco saiu e o sargento detonou a bomba. Ele não precisava ter feito aquilo

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