quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Capítulo 11



Há muito tempo eu sou obcecado por previsões escatológicas. Sempre procurei saber sobre como e quando as pessoas pensavam que o mundo acabaria. Não sei por quê. Mas eu tinha uma certeza. Seriam os homens a destruir o mundo. Será que eu estava certo? Posso me vangloriar?

André estava deitado no sofá de casa. Seu irmão chegou da academia.

-    Caralho, Mané, muito estranho! – disse o irmão.
-    Que foi?
-    Maluco, eu não vi ninguém na rua! A academia tava totalmente vazia, não tinha nem o instrutor.
-    E tu malhou assim mesmo, lesado?
-    Ué, eu sei minha série. Achei que alguém ia chegar depois.
-    Ah.
-    Ta passando o que aí na TV?
-    Porra, ta uma merda. Tudo o que é canal está mudando pra jornal. Parece que estão se matando lá no rio. Isso nem é novidade! Pelo menos nesse canal ta passando um filme, mas é uma merda.
-    Ah, porra, já vi esse filme. É maneiro.

A mãe deles entrou em casa desesperada gritando. Trancou a porta e fechou o vidro da janela. Um homem quebrou o vidro e tentou entrar, ao que se ouviu um tiro. O pai deles estava com um revolver nas mãos, e o monstro morto estirado na janela. A mulher sangrava terrivelmente e pegaram um kit de primeiros socorros que ela tinha debaixo da cama. Era enfermeira.

-    Que porra foi essa? Perguntou o pai
-    Não sei. Esse maluco me mordeu e me perseguiu pelas ruas. Consegui despistar ele, mas acabou me achando de novo. Desde quando você tem arma em casa?
-    É da época que eu era do exercito. Eu mantinha escondida. Só peguei por causa dos noticiários de agora de manhã.
-    Que noticiários?
-    Algo parecido com esse maluco aí. Disseram que há uma doença que faz as pessoas agirem assim e que elas só param quando se destrói o cérebro.
-    O que?

Eles levaram ela pro quarto no segundo andar e a deitaram na cama.

-    Tão subindo com ela porque, porra? – disse o irmão.
-    O hospital está destruído, Vinícius. Você não entendeu o que está acontecendo? Disse o pai
-    an? – disse André.
-    Temos que ficar juntos. Os militares estão agindo e logo eles vão resolver isso. Por enquanto temos que ficar abrigados.

A mãe tinha uma leve mordida no cotovelo. Quase não sangrava. André trancou o portão dos fundos e a porta da área de serviço. Viu que os armários estavam cheios de comida e poderiam agüentar por algum tempo ali até os militares chegarem.
Ele pegou um copo e encheu de água. Levou para a mãe, que bebeu avidamente. Toda a correria a deixou com sede.

-    Ta abafado aqui. Liga o ventilador. – disse a mãe deitada na cama – passa aquilo ali no meu machucado com esse algodão.

Ela auxiliou Vinicius a fazer o curativo enquanto o pai estava no vendo o programa de TV.

-    Meninos, vão lá pra baixo. Não, melhor, vão pro seu quarto.

O pai parecia estar bem agitado, então não discordaram. No outro quarto, ligaram a TV. O programa mostrava coisas terríveis, mas um comentário do jornalista do helicóptero foi o que mais os assustou.

-    Como foi dito ha uns minutos atrás, é essencial que se evite qualquer contato com as pessoas que agem dessa maneira ou com aquelas que foram mordidas, porque o contato com os infectados geram infecção quase imediata, causando morte e reanimação e instantes.
-    A mãe foi mordida, André?
-    Não sei... – disse André embora tivesse certeza de que ela estava infectada.

Ele se deitou na cama de bruços e afundou a cabeça no travesseiro. Queria chorar, mas não chorou. De repente, ouviram um grito do pai, que se seguiu de um som de choro. Ele começou a xingar e esmurrar a parede. Os dois irmãos saíram do quarto e ele ouviu o barulho, ao que jogou a arma contra Vinícius e fechou a porta norvosamente.

-    Vão embora daqui, caralho! Destravem essa merda!
-    Pai, que merda é essa?

O pai não teve tempo para responder. A mãe voltou e o atacou. Eles ouviram os berros dela e começaram a gritar, ao que ela começou a esmurrar a porta. Depois de uns instantes o pai também se reanimou e a acompanhou. Como ele era bem forte, a porta rachou. Eles teriam que fugir, mas estavam paralizados. Vinicius tentou atirar contra a porta, mas a arma não funcionou. André pegou a arma e destravou. Devolveu ao irmão, que dessa vez não tentou atirar. A mão do pai atravessou a madeira da porta e eles correram até as escadas. Havia uma concentração de zumbis na frente da casa, que seguiam os sons do segundo andar, então eles foram pelos fundos. Não estavam com a chave, então tiveram que pular o muro.
Passaram pelo beco em silêncio.

-    A gente tem que se esconder no mercado, cara. – disse André

Para chegarem até o mercado eles teriam que passar pela rua, e consequentemente teriamq eu correr, porque estariam expostos. Não deu outra. Os montros os viram.

-    Fudeu, cara. Corre porra!

Os dois começaram a correr, mas como Vinicius havia saído a pouco da academia, estava cansado. Ele perdeu velocidade e um dos monstros o puxou para trás e mordeu seu braço. Ele conseguiu se soltar, mas sabia que estava infectado. Viu como seu pai se transformou rápido. Virou e correu noutra direção querendo atrair os monstros, mas eles foram todos atrás do irmão. Vinicius se sentou na calçada e começou a chorar. Deitou na grama e desmaiou.
André continuou correndo, mas viu uma mulher e dois homens entrando num mercado pelos fundos. Eles estavam sendo perseguidos por alguns infectados, que não deixaram a porta fechar. Ele olhou para trás e viu os monstros correndo. Ele se movia um pouco mais rápido. Olhou para o mercado e não viu mais os monstros: eles entraram no mercado, lá dentro já não era seguro. Ao invés de virar no mercado, ele foi reto e acabou chegando à padaria. Passou pela pequena passagem que tem ali e escalou a cerca. Ele foi bem rápido e conseguiu ficar de pé na borda do outro lado até que os monstros chegaram e, com o impacto contra cerca, o derrubaram no valão.

-    Vinícius! – gritou ele.

Os monstros que vinham enfileirados naquela passagem começavam a se amontoar e de repente ele viu Vinícius transformado tentando empurrar a cerca. Ela estava à ponto de ceder. Correu pelo valão, que nem é propriamente um valão, mas um duto criado para redirecionar a água de dois pequenos rios para que eles não passem pelo meio da vila. Chegou numa barreira atrás da qual se formava uma espécie de piscina com água numa altura de pouco mais de um metro. Entrou na água e logo em seguida ouviu a cerca tombar. Pela altura dela, provavelmente formou uma espécie de ponte. O portão da hospedagem estava trancado, mas essa passagem levaria a hospedagem à carnificina. Ele ouviu os passos dos monstros na água da parte rasa. Corriam feito loucos, e alguns escorregavam no lodo. Nenhum usou a cerca como ponte, porque todos apenas seguiram os primeiros. Ele cruzou a piscina e fui seguindo por entre as pedras e olhou para trás. Os monstros não entraram na piscina. Parece que têm medo de água, por algum motivo. Se ele tivesse passado pela praia e ido para o outro lado da vila, a subida até a estrada seria mais fácil. Mas ainda assim ele foi com facilidade. Já conhecia essa cachoeira porque subia nela escondido quando criança. Na estrada ele viu um carro, mas ele passou rápido sem prestar atenção nos seus sinais. O motorista parecia bêbado ou sonolento. Ele correu atrás do carro até um ponto em que um monstro o viu e correu atrás dele. Nesse momento ele deu meia volta e desceu pela cachoeira e o monstro o perseguiu. Usou uma pequena aglomeração de água como refugio contra o monstro, que parou hesitante diante dela. Jogou uma pedra e errou. Pegou outra um pouco maior e acertou a cabeça do monstro, que ficou deformada. O monstro caiu.
Ele não esperou para ver se o monstro iria se levantar. Correu de volta à estrada e viu outro carro. Embora sem muita esperança, ele acenou, ao que o carro parou. Sem pensar muito ele entrou e o carro seguiu. Passaram pela entrada da vila e viram o carro que passou primeiro parado no acostamento. A motorista do carro abaixou o vidro e olhou para o outro carro. O motorista estava morto. Algum carrou bateu na guarita que ficava na entrada e explodiu, e depois disso muitos infectados saíram por ali, berrando ao perceberem o som do carro ligado. A mulher acelerou o carro.

-    Qual é o seu nome? – Perguntou André
-    Fernanda.
-    Eu sou André. Valeu por ter parado por mim.
-    Não me agradeça. Eu parei o carro sem pensar.

Eles seguiram pela estrada e viram os bairros no caminho. Parece que todos ao mesmo tempo sofriam do mesmo problema. As pessoas estavam fugindo de infectados, que se multiplicavam feito praga. Na vila histórica, André viu algo que o chocou profundamente. O padre da igreja se refugiou no topo da igreja, mas um dos monstros simplesmente saltou até lá de uma vez só e o mordeu no pescoço. Seu sangue espirrou até quase o topo da igreja. O monstro subiu até a estrada rapidamente quando viu que, além do carro, havia um ônibus na estrada em alta velocidade. Subiu em cima do ônibus.
O ônibus seguia o caminho contrário ao do carro.

-    O ônibus ta indo pro outro lado! Pra onde a gente ta indo?
-    Pra um porto aqui perto. Meu pai tem um barco lá.
-    Em que bairro fica?
-    Sei lá, eu só vim aqui três vezes. Mas sei onde é o lugar.

Ela tentou ligar o rádio, mas nenhuma estação transmitia nada. André aproveitou para recuperar o fôlego. Achou uma garrafa de água no porta-luvas. Pediu para beber, e Fernanda respondeu com a cabeça. Ele deu um gole longo e guardou a garrafa no lugar. Achou bom não abusar muito. Abaixou a cabeça seus olhos perderam o foco. Ele mergulhou fundo nos próprios pensamentos.

4 comentários:

Johnny disse...

Meu aqui é p Joh da comunidade do REC...
Acesso Aqui todo dia para ver as novidades...
PARABENS cada vez melhor...
Eu Tava pensando em escrever uma historia sobre o menino que saiu correndo...xD
Ja que voce fez melhor ainda...
Abraço continue com esses otimos textos...

Silas disse...

XD

Que bom que está gostando, cara...
Se quiser eu te passo uma lista de personagens que não vão receber atenção pra você escrever. O que acha?

Abraço

Johnny disse...

Quero sim,xD...
Valeu...
Aguardo mais postagens..
abraço

Silas disse...

Infezlimente até agora não surgiu nenhum personagem com destino indeterminado.

Temos Rodolfo(um dos soldados) Soldado Costa, o Padre que morreu no topo da igreja, Maggie(mulher que se mata no capítulo 12) e o Mendigo(ex-drogado que falou com carlos).